Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2014

"Ai se eu te pego" - Reflexões da dinâmica psicossocial a partir do desenvolvimento do gênero sertanejo no Brasil

“Ai se eu te pego” verso da música de Michel Teló que faz muito sucesso nos últimos dias não é só uma espécie de cantada, mas também uma ameaça. A cultura popular brasileira tem produzido dois fenômenos dignos de nota e reflexão. O primeiro é o fenômeno do sertanejo universitário, gênero musical claramente atrelado à um estilo de vida muito especifico. O segundo é o fenômeno dos e das assistentes de palco de programas de auditório – como os assistentes das apresentadoras Eliana e Ana Hikmam além das já muito comentadas, por seus atributos físicos, paniquetes – como sugestão de ideal de beleza e comportamento. Estes dois fenômenos são sugestivos do processo de transformação sócio-histórico-cultural que o Ocidente tem passado nos últimos séculos. Falaremos detidamente das origens deste processo no próximo texto, por hora vamos apenas apresentar o problema. Ora, o problema é o que o dr. Anderson C. Pires chamou de “medo de alienação do ego” e também acoplado a isso a “síndrome de a...

"Beija eu" - Um breve resumo da história social do beijo na boca

Beija eu; Beija eu; Deixa que eu... Beija eu. E receba o que seja seu Anoiteça e amanheça eu Seja eu, Deixa que eu seja eu. E aceita O que seja seu. Então deita e aceita eu. Molha eu, Seca eu, Deixa que eu seja o céu E receba O que seja seu. Anoiteça e amanheça eu. Então beba e receba Meu corpo no seu corpo, Eu no meu corpo, Deixa, Eu me deixo Anoiteça e amanheça Marisa Monte.                  A forma de expressar afetividade e intimidade em público em nossa moderna sociedade ocidental ainda é o beijo. Em romances, filmes, novelas e outras expressões artísticas o beijo figura como forma de demonstração da intimidade, da proximidade e do desejo de estar junto. A ideia transmitida na música acima é a de união, a união dos corpos por meio do ato de beijar. No beijo há um sentido antropofágico e de certa uma vontade de posse, também presente no ato sexual, é isso que afirma o filos...

Sobre o Machismo e a cultura da racionalização dos relacionamentos

Sobre a dinâmica cultural capitalista e o machismo nos relacionamentos cotidianos - uma reflexão. (a narrativa abaixo realmente aconteceu, mas por motivos de exclerose precoce o autor (eu) teve que substituir os nomes dos personagens pois já não os lembrava no momento da escrita) O dia estava chuvoso hoje. Por esse motivo, e pelo excesso de trabalho que me mantinha há alguns dias trancafiado em casa indo apenas para o colégio e voltando, decidi corrigir algumas provas num café próximo à minha casa. Até aí tudo bem, nada de estranho. O que ocorreu chegando lá que é o que eu gostaria de comunicar. Estava eu a tomar café e a distribuir notas vermelhas, como todo professor costuma fazer em seu (des)gosto da profissão quando ali chegou também um jovem e belo casal. Chamavam a atenção, eram realmente bonitos. Ambos. Ele, negro, alto, atlético. Vestuário impecavelmente alinhado, camisa social bem passada com as mangas dobradas até a altura dos cotovelos e calça ig...

Ordem e Progresso

Ordem e Progresso. [1] “Ordem e Progresso”. O sintagma expresso num dos mais altos símbolos de nossa nação, a bandeira nacional, confirma a afirmação feita pelo sociólogo A. C. Pires, a saber: “Vivemos num mundo que ainda se considera herdeiro da ‘filosofia das luzes’” (Pires, 2012, p. 16).             O ideal de ordem e progresso assumido como bordão e destino por nossa nação representa o ideal constitutivo da modernidade. O problema aí é que o tempo passou e as condições que gestaram esse ideal de modernidade como forma válida para interpretar e viver no mundo mudaram com a passagem do tempo.             Nosso objetivo neste texto será reconhecer os contornos fundamentais da modernidade, que ainda nos assombra bem como chamar a atenção para características especificas deste período em que vivemos, a pós-modernidade.        ...