Eis aí uma pergunta interessante: Qual a
diferença entre um robô, um zumbi e um ser humano?
A primeira resposta deveria ser: Zumbis e
Robôs, são seres ficcionais, enquanto seres humanos existem na realidade.
A segunda resposta (fazendo um exercício de
imaginação e abstraindo o fato de zumbis e robôs não existirem objetivamente),
a resposta seria: somente o ser humano possui vida.
Mas o que entendemos quando falamos sobre esse
conceito, vida? Pra responder a essa pergunta proponho que façamos esse
exercício de imaginação. Vamos admitir que robôs e zumbis existam
objetivamente, tanto quanto seres humanos e comparar suas formas de existência,
para termos claro o que se pode chamar de vida.
Ora, a vida, poderiam dizer, é a capacidade de
pensar, se mover, tomar decisões e interagir com outros seres vivos.
Se continuarmos nessa linha de raciocínio,
chegaremos a uma conclusão de que bem pouca coisa nos diferencia, nós seres
humanos, dessas criaturas imaginárias que são os robôs e os zumbis.
Veja o robô, por exemplo, a expressão é
originária de uma língua cheka, pelo escritor Karel Capec O escritor checo
introduziu a palavra "Robô" em sua peça "R.U.R" (Rossum's
Universal Robots), encenada em 1921.
O termo "robô" realmente não foi criado por Karel Čapek, mas por seu
irmão Josef, outro respeitado escritor checo. O termo "Robô" vem da palavra checa "robota", que significa "trabalho forçado".
Um robô pensa. Ele é capaz de julgar uma
situação e tomar a decisão de modo a cumprir sua tarefa com eficiência. Outro
escritor de ficção cientifica que se dedicou a falar como seriam esses
serviçais de metal foi o russo radicado nos Estados Unidos, Isaac Asimov, ele
ficou conhecido pela coletânea de contos, Sonhos de Robô, Eu Robô e O Homem
Bicentenário, foi autor de mais de quinhentos contos mas esses três são os mais
conhecidos e já foram parar na tela do cinema. O mais interessante nos contos
de Asimov é que seus personagens robóticos são capazes de pensar segundo as
Leis da Robótica, inventadas por ele.
Então, um robô pensa, se move, pode falar e
interagir com o ambiente e com os seres a sua volta respeitando um determinado
conjunto de leis.

A figura dos zumbis ganhou
destaque num gênero de filme de terror, principalmente graças ao
filme de 1968
"Night of the Living Dead" de George A.
Romero.
Por fim, vamos falar do ser
humano. Conforme debatemos no ultimo texto, e nas aulas que se seguiram, o que
caracteriza o ser humano é a capacidade de produzir e reproduzir cultura. A
partir dessa especificidade ele se relaciona com o mundo.
A cultura é a “programação” que
é inculcada em cada um e em todos nós desde crianças e que nos diz como pensar,
como nos portarmos nas situações e como reagirmos a essas situações que nos
envolvem diariamente.

Um outro exemplo da cultura
como programadora do comportamento humano é a sociedade de consumo que
debatemos. Nessa programação a capacidade de raciocinar é excluída em favor de um
sentimento, uma compulsão, a de consumir com velocidade. Como foi discutido em
sala de aula, que o especifico da sociedade de consumo não é o consumo em si,
mas a capacidade de autoafirmação contida no ato de apresentar com velocidade
produtos novos e sempre novos, criando assim uma sensação de poder e de
aceitação por parte daqueles que estão à volta ao mesmo tempo em que essa mesma
velocidade gera a sensação de vertigem por não ter o tempo necessário para
raciocinar sobre as escolhas que estamos fazendo.
Ao ser definido como um ser
social, quer dizer, um ser que depende da cultura compartilhada, então, o ser
humano exibe dois aspectos fundamentais da sua existência. Ele depende de sua
adequação a essa cultura, pois se não se adequa ele pode ser excluído da
sociedade, que foi o caso do paciente do dr. House. Por outro lado se ele se
integra totalmente à cultura pode se transformar em um ser incapaz de pensar
realmente.
Nesse ultimo sentido, nos
aproximamos perigosamente de uma existência como a dos robôs e dos zumbis. Se
aceitarmos tacitamente o que a cultura nos diz sem uma previa reflexão passamos
a ser meros cumpridores de ordens com caminhos préprogramados como os robôs. E
dentro de uma cultura de uma sociedade de consumo como a nossa que produz desejos
que nos impulsionam a andar como que vagando para uma mera satisfação de
pulsões internas passamos a nos assemelhar aos zumbis. Que só conseguem pensar
em satisfazer esses desejos que os impulsionam.
Foi nesse sentido, de refletir
sobre o que motiva cada um que o professor, interpretado pelo ator Robert
Redford no filme Leões e Cordeiros, chamou seu admirável aluno Toddy para
conversar. O professor percebeu em Toddy, inicialmente, essa determinação de
não aceitar como algo natural qualquer coisa que tentassem “empurrar” para ele.
Em um dado momento do filme ele retruca para um colega: “Eu não li o texto mais
eu sei pensar”. Com isso ele quis dizer que não precisa aceitar algo somente
porque as pessoas estão dizendo que isso é o certo para ele.
Essa tendência, de querer nos
forçar a aceitar tudo como algo natural e preestabelecido é uma característica
da cultura e se humanizar, entrar no processo de humanização, significa não
aceitá-la de forma acritica, mas sim pensá-la e somente então decidir se é de
fato o que queremos ou não. Essa ação foi expressa por atos pelos outros dois
alunos no mesmo filme através de uma expressão, o engajamento.
Para se tornar um ser humano
em nossos dias é necessário se engajar, conhecer o sistema que nos cerca e nos
condiciona e então decidir se queremos ser mais uma engrenagem nesse sistema ou
se queremos desarticulá-lo.
Não fazer isso, significa que
você pode estar se transformando num zumbi ou num robô. O filme citado termina
com o personagem Toddy assistindo pela tv a nova ofensiva amerina ao Iraque,
tal cena quer transmitir, simbolicamente que a decisão de o que fazer com a
própria vida depende de cada um dos que estão assistindo.
O que você vai fazer?
Puxa Marcos,
ResponderExcluirAmei este texto... ele já foi tema de troca de ideias aqui entre meus colegas de trabalho.
Um abraço,
Raimunda